Há alguns anos, um estudo mostrou que 7,5% dos professores de SP abandonaram a profissão em 2012. O Sindicato dos Professores do Rio de Janeiro, por sua vez, anunciou em 2011, que 22 docentes, por dia, abandonavam a profissão. Dado de outro estudo mostrou que, de 1990 a 1995, em apenas cinco anos portanto, houve incremento de 300% (43% ao ano) nos pedidos de exoneração no magistério público de SP. Depois de anos adormecido para o problema, o MEC acordou e apresentou projeto (ineficaz e tímido) para combater o déficit de 170.000 professores de Física, Química e Matemática, à época! Ser professor nunca foi fácil, mas parece que agora está ficando impossível. Não estou me referindo às péssimas condições de trabalho, nem à remuneração, que até melhorou um pouquinho (bem pouquinho) mas, ainda assim, professor continua ganhando mal. Há um tempo estive em Itabira, MG, onde um docente me contou que trabalha em quatro escolas, caso contrário, não dá para sustentar família. O quadro se repete em todo país. Grande parte da evasão profissional se deve à baixa remuneração, mas não só: a grande maioria se queixa mesmo é da indisciplina e do desrespeito com que é tratada pelos alunos, por suas famílias e, em alguns casos, até pela própria instituição. O que nos conduz a refletir sobre as pressões que o docente sofre. O que mais desgasta o professor hoje, me parece, é a falta de apoio do sistema. Na rede pública o que desestimula especialmente são as medidas que interferem diretamente no trabalho do profissional de educação, parte das quais têm levado ao enfraquecimento da autoridade do professor e à queda da qualidade do ensino. Foi o que ocorreu quando se introduziu a Progressão Continuada, rejeitada por 95% dos professores, de acordo com pesquisa que publiquei no livro O Professor Refém (de 2006). Pela forma como foi implantada fez os alunos perceberem em pouco tempo que não precisam mais estudar: sabem que é questão de tempo para, bem ou mal (em geral, muito mal), concluírem o Ensino Fundamental. Também não mais precisam respeitar o professor: é só um pai reclamar de algo, fundamentadamente ou não, e logo docente e aluno são acareados pelas autoridades educacionais no mesmo plano de confiabilidade. Não é à toa que professores são agredidos por alunos…No Ensino Privado, as pressões têm vindo mais da família, que interfere junto à direção e nem sempre por legítimas razões educativas, infelizmente. Visando, o mais das vezes, “facilitar” a vida dos filhos – e a sua própria -, acabam ameaçando a coerência pedagógica da escola e a qualidade do trabalho. Ameaçar “trocar de colégio” é uma das formas de pressão mais usadas. Constrangidos, alguns gestores pressionam o professor, que, acuado, acaba cedendo por não conseguir resistir à tanta pressão. Ou se exonera se pode e não aguenta mais… Que tristes enganos a sociedade vem cometendo! E que prejuízo para as crianças! Coloque-se, por um segundo que seja, no lugar do docente: pense em como reagiria se alguém, que não é da sua profissão, chegasse ao seu escritório e lhe dissesse que você tem que trabalhar do jeito que ele acha. Pois é, está acontecendo! Mas o problema deve se resolver por si: pelo andar da carruagem, em breve, não teremos mais professores. E ponto final!